CARLOS MESSIAS DE AZEVEDO
( BRASIL – PIAUÍ )35845
Nasceu em Teresina – PI, em 14 de junho de 1946.
Curso primário concluído em Floriano – Piauí.
Curso Científico concluído no Centro de Ensino Médio Elefante Branco – CEMEB, em Brasília -DF.
Bacharelado em Administração, na UCB, Universidade Católica de Brasília. Bacharelado em Direitos na UDF -Universidade do Distrito Federal.
No Serviço Público Distrital e no Serviço Público Federal, por concursos públicos, exerceu cargos: No Governo do Distrito Federal- GDF e no Tribunal de Contas da União – TCU e na Advocacia-Geral da União -AGU, onde, no cargo de Advogado da União veio a aposentar-se em196.
Dedica-se hoje à advocacia franciscana e à contagem das estrelas do céu.
AZEVEDO, Carlos Messias. UM POUCO DE POESIA. FRAGMENTOS. CONTEMPLTIVAS. ÚLTIMAS. Capa: Carlos Messias de Azevedo; Edmilson Alves Pereira. Brasília: Qualytá, 2015. 120 p. ISBN 978-85-67011-31-8 No. 10 115
Exemplar doado pelo amigo (livreiro) Brito, em outubro de 2024.
ANDANTE
Madrugada... tenebrosa e fria.
Eu, pelas ruas
A procura e procurando nada
Na madrugada.
Andei a passos longos, lânguidos,
Sentindo a brisa,
Sentindo medo.
Medo do despreza, da indiferença fria
Da brisa, de ti, da madrugada minha
Que era só minha!
Sigo em frente, caminhando vou.
Nas trevas idas de mina vida
Eu caminho.
Nada veio além do teu fantasma
Que ao meu lado anda
E minhas tristezas espanta.
Santa! Luz divinal de minha vida.
Das minhas ilusões tidas.
— Espectro silente
Que caminha indiferente
A abraçar-me a alma ressentida.
E caminhando vou,
Sozinho.
Sem ter amor.
Tenho só angústia, saudade.
Tenho as estrelas, a lua
Na madrugada... tenebrosa e fria
Que me fez lembrar
Que acolheste um dia
No teu seio, virginal e quente
Onde pus-me a chorar tristemente,
Deixando-me cair vencido
Na minha madrugada... tenebrosa e fria.
Brasília, em algum dia de 1969
RETAS PARALELAS
Eu pensei em linhas retas.
— Retas paralelas para o infinito.
Retas que nos levassem mais longe.
Pela distância menor
Que não me limitassem nunca!
Que me deixassem só,
Como um pontos — esperando.
Mas na minha vida só tenho encontrado planos!
Quebrados, círculos, trapézios, triângulos,
E até mesmo pontos, todos limitados!
Sim, tenho sido um ponto.
Com vários outros pontos já me deparei e
aí fiquei — esperando.
Lá em casa está tudo muito confuso.
— Um emaranhado de semi-retas,
De setas que têm destino certo e param.
E de pontos que também não andam.
Um conjunto desorganizado: todas as figuras
geométricas se cruzam.
Está como a planta de uma Central Telefônica.
Não sei, mas acho que minha caixa — que é oval
e portanto limitada, pode explodir.
A qualquer hora toda essa engrenagem pode
não mais existir.
Enquanto isso, procuro uma reta.
Um reta paralela, livre, sim limites,
para me levar mais longe.
Brasília, em qualquer dia de inquietação de 1974.
RETRATO MÓRBIDO
Acabou! Acabou?!
O fim que se aproximava é chegado.
Agora, ando mais lento,
Estou à mercê do tempo,
Sem comer tanto e bem,
Sem dormir tanto.
O velho vive sem graça.
Tivesse morrido jovem
Não gozaria do que lhe impõe a velhice.
Obstáculos, surpresas.
São grandes os perigos.
São tantos os remédios,
Porque são muitas as doenças.
Na juventude, já longe,
Eu contava estrelas no Céu azul.
Minhas namoradas, todas, poucas, estavam entre elas.
Admirava o Arco-Íris.
Suas cores eram as cores dos meus dias.
Hoje, opacas. Estrelas cadentes
Cruel velhice — mórbida.
Ainda assim, viver a senilidade
Terá valido a pena
Se boa, tranquila e serena.
De qualquer forma estou aqui ao fim chegado
E direi a Deus,
Quão injusto deixar meus descendentes,
Irmãos e outros parente,
Mas leva-los, quem há de
Em momentos tão íntimo querer?
Isto sim, seria injusto, oh Deus!
Ir ao obscuro para não voltar
Nada se pode levar
De lá não se volta e, se volta, nada se pode trazer.
Nem se diz do lugar
Se bom ou ruim.
Ninguém volta para dizer, se bom ou ruim,
Mas todos, um dia, iremos para lá.
Brasília, DF, em 30.06.2016
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Página publicada em outubro de 2024.
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